A campanha de “Vikings: Nidhogg” está em suas últimas horas (se você ainda não apoiou, corre que rola) e eu só posso agradecer a Eduardo Kasse e a equipe da Draco por me convidarem a fazer parte do projeto.
Kåre, Yrsa e o restante da tripulação do Donzela das Ondas já se tornaram alguns dos meus personagens favoritos nessa vida.
Kåre nasceu no exato momento em que fui convidado pelo Eduardo Kasse para escrever uma história sobre vikings. Veio assim, meio pronto, em tamanho e forma e já um tanto quanto definido em seu background, mas eu ainda precisava entender o quanto do que eu enxergava era factível e eu me debrucei na pesquisa histórica.
A ideia era que Kåre fosse um viking negro no comando de uma tripulação do mediterrâneo. Naquele instante eu não sabia ao certo até onde os vikings ao sul, quanto tempo ficaram ou como se constituía a sua tripulação. Minha ideia nascia de um raciocínio bastante lógico. Vikings atacaram no mediterrâneo. O mediterrâneo foi ocupado pelos mouros. Vikings tiveram contato com os mouros. Vikings fazem bebês. Somei dois mais dois. As vezes não precisa ler uma pilha de livros de história para chegar a essa conclusão, mesmo assim queria ter certeza.
Foi quando encontrei alguns artigos falando sobre a miscigenação dos povos nórdicos, citando a forma como os vikings conheciam muitos povos e traziam de volta para suas terras não só o seu ouro e bens, mas também suas culturas, religião e seu sangue na forma de escravos ou descendentes de meio-sangue.
Kåre surgiu como um personagem preocupado. A relação dele com a sua mãe para mim é a melhor parte da história. Em muitos momentos é Kåre quem parece o adulto cuidando de uma criança impulsiva. Yrsa, é espontânea e audaciosa, Kåre tente a balancear isso tentando ser cauteloso e estrategista, mas o Pequeno Urso é um viking; a morte é o seu negócio e as vezes ele trata do assunto com uma frieza cruel que denuncia o tipo de criação que teve.
Além de Kåre e de Yrsa, comandante da Donzela das Ondas, outros personagens foram surgindo no decorrer da história e acho que nenhum outro é mais carismático do que Ayra, a Moura. Ayra para ocupar uma necessidade bastante óbvia. A história diz que Yrsa lutava no mediterrâneo enquanto Kåre ainda era um bebê. Foi lógico imaginar que ele precisaria de uma ama e como a história era cheia de personagens não convencionais, Ayra se voluntariou para o cargo, se tornando ama de leite de Kåre após matar o próprio marido e fugir. Sua história pode parecer nebulosa no conto, mas é apenas uma questão de espaço. Ayra sempre foi uma mulher forte e independente que acabou sendo obrigada a se casar com um homem autoritário e violento. Em uma dessas surras, Ayra perdeu o bebê que estava esperando e como vingança matou o próprio marido e fugiu. Quando Kåre já era grande demais para precisar de uma ama de leite, Ayra já tinha vivido com Yrsa muito tempo e acabou por gostar da vida como viking.
Enquanto discutia sobre a criação do conto, brinquei que A Deusa do Mar era a versão viking da Enterprise, com pessoas de diferentes culturas e personalidades lidando com as próprias diferenças em nome de um objetivo comum, mas que ao contrário da frota estelar, estavam naquela vida por dinheiro e para sobreviver. Um grupo tão estranhamente diverso só poderia ficar unido com uma liderança forte. Yrsa, a Mãe Ursa, se encaixava perfeitamente nesse espaço. Alguém que inspiraria lealdade e amor e retribuiria da mesma forma, transformando a tripulação de desgarrados em uma grande família.
Se você quiser conhecer mais sobre Kåre, Yrsa, Ayra e os outros tripulantes da Deusa do Mar, apoie a campanha do Eduardo Kasse “Vikings: Nidhogg” e receba um livro extra, inteiramente grátis, com essa e outras histórias, escritas por Ana lúcia Merege e Aya Imaeda. Você compra um livrão cheio de batalhas e encontra ainda uma série de contos para ampliar esse universo.
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