“Chegar ao final da vida pode ser apenas o início de uma incrível Jornada”.
– Provérbio Hiarawa
O velho e a devoradora de almas conta a história do dia em que a vila de Vedd, um velho soldado que ganha a vida criando aves e amolando facas, é atacada por dragões. Em meio ao caos que se segue, o velho perde tudo e em um gesto de insana coragem (além de muita sorte) enfrenta uma das bestas. Vedd deveria ter sido morto depois daquela atitude impensada, mas acaba sendo salvo por três heróis que o arrastam para a aventura de sua vida.
O romance de Carlos Rocha, é um prato cheio para quem gosta de antigas histórias de fantasia e aventura. A leitura da história é bastante fluída e a construção do roteiro é muito orgânica, o que dá estrutura para as duas coisas que o autor tem de melhor: um protagonista realista e carismático e uma ampla bagagem de leitura que surge aqui e ali como inspiração da obra.
Vedd o soldado velho no fim da sua vida tem muita coisa a lamentar, mas nenhuma é maior do que sua própria solidão. Relembrando dias da sua juventude, nós o assistimos ser arrebatado pela a aventura, pelo companheirismo e pela compaixão para com o outro, o que nos faz reconhecer e lamentar o momento em que ele cai em desgraça, sendo arrastado por forças do destino muito maiores do que a sua compreensão.
O mundo criado por Carlos Rocha tem a medida certa de informação. Apenas o necessário para que a história ande, sem uma avalanche pretenciosa de informações. É uma história centrada no personagem principal, no melhor estilo Espada e Feitiçaria, com escolhas erradas, batalhas épicas, e emocionantes duelos mágicos. Uma leitura divertida e fluída que bebe em Tolkien, Moorcock, Howard e Zimmer-Bradley, os mastiga e digere para criar algo novo e orgânico, que funciona para além de toda e qualquer referência.
A edição em e-book tem alguns problemas de revisão, principalmente na primeira parte do livro. Nada que atrapalhe a leitura, mas que acabam nos frustrando justo pela alta qualidade da história. Os problemas de revisão desaparecem da metade do livro em diante, o que me faz pensar que ou a história foi escrita em dois momentos diferentes, ou houve uma interferência externa em algum momento que não foi feita de maneira uniforme. Nada que desabone a leitura, mas que pode ser melhorado para uma segunda edição. Uma nota especial a capa do livro, feita pelo próprio autor, e que da o tom certo da narrativa, épica, melancólica e nostálgica. Verdadeira homenagem a um herói lendário.
Além do “Velho e a devoradora de almas”, Carlos Rocha tem uma lista sem fim de histórias, em sua maioria publicadas na amazona ou no whattpad. Todas girando em torno da fantasia, do insólito e da ficção científica. Além disso, Carlos mantém um site chamado Selo Multiversos, onde publica seus pensamentos e faz resenhas sobre suas leituras, além de nos dar uma palhinha do que anda escrevendo. Um autor para conhecer assim que for possível.
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