O leitor que chegou a acompanhar a publicação do Teatro da Ira pelo blog vai ter algumas surpresas quando ver o produto finalizado. Pensar o livro como um objeto inteiriço é diferente de pensá-lo como publicação capitular. Para publicar no blog o livro tinha um único e profundo suspiro, que levava até o fim de cada capítulo; para o livro, o oxigênio flui de maneira mais constante. Existe tempo. Dá para me sentar na janela e observar a paisagem. O que se perde em carga dramática se ganha em precisão narrativa. Dá tempo de vir preparando os acontecimentos para evitar que eles caiam do céu quando a hora chega. Citar exemplos vai estragar a surpresa.
Também serviu para trabalhar muito material inédito. Ao invés de começar a história bem no meio do fogo cerrado, como antes, conhecemos os personagens, andávamos com eles, vemos a onda se avolumando antes dela irremediavelmente bater na praia. Pude atender ao pedido de alguns fãs que queriam saber mais sobre Krulgar e da única fã que a Thalla pareceu arrumar no livro inteiro, falando mais sobre ela. Fiquei tentado a mudar o fim de alguns personagens, mas resisti acreditando na minha primeira escolha. Cortei as pelancas que balançavam inúteis e desapeguei completamente da estrutura original. Em vários sentidos é um livro novo, ainda que sobre a mesma história.
Os poucos leitores beta que me responderam após a primeira leitura do livro finalizado foram ouvidos. Uma garrafa surgiu aqui, um cavalo desapareceu ali. Um personagem trocou de lugar com outro e cenas que não funcionavam tão bem puderam ser escritas, tornando-se melhores.
Ainda estamos em obras, mas a estrutura da casa já está de pé e as paredes estão subindo, já falta pouco para a inauguração. O prazo é curto, o editor é bravo, a revisora detalhista e talvez o autor fique louco até que a história termine, mas tudo isso é por uma boa causa. Para que o leitor tenha nas mãos o melhor livro possível. Mesmo que as vezes pareça impossível.
There are no products |