Resolvi escrever esse post para falar um pouco sobre as minhas impressões sobre o mega-sucesso fantástico da década, Game Of Thrones, ou a Guerra dos Tronos. Não vou falar muito sobre meus personagens favoritos, ou sobre qual é a Casa que eu gostaria de pertencer, mas sim sobre o que eu acho da construção da história, tanto na série quanto no livro.
A primeira vez que ouvi falar de Game of Thrones foi através de um amigo. A série estava prestes a ser lançada e o roteiro me parecia interessante, mas quando fiquei sabendo que se tratava de um livro, resolvi que queria ter a minha própria visão dos personagens antes que eles recebessem a caracterização dos atores. Só fui assistir a primeira temporada, bem depois dela ter acabado, quando finalmente havia terminado o primeiro livro, os livros seguintes vieram na sequência, com um pequeno hiato entre o quarto e o quinto.
Comparar a série com o livro é bobagem. Cada um tem suas próprias qualidades e defeitos. A série – pelo seu formato e limitação de tempo – acaba sendo bem mais dinâmica, cortando as gordurinhas desnecessárias. Os livros dão mais detalhes sobre o mundo e sobre a sociedade ao seu redor. A inspiração da história, segundo o autor, foi a Guerra das Rosas, uma série de batalhas pelo trono Inglês. Ele havia começado com o interesse de escrever um romance sobre o evento, mas achou melhor criar uma nova história, uma em que o final da batalha fosse surpreendente. A série possui centenas de eventos históricos que foram transportados para este mundo fantástico de Westeros, rendendo, inclusive um ótimo site que tenta encontrar a conexão entre as duas realidades, o The History Behind The Game Of Thrones.
Game of Thrones possui alguns dos melhores personagens que eu já encontrei nas páginas de um livro. São todos bons, maus, gentis, cruéis, enfim, tão humanos quanto eu ou você. As tramas políticas e as alianças são envolventes e imprevisíveis, qualquer um pode morrer a qualquer instante e poucos fariam falta para o verdadeiro final. Existem sim algumas tramas que são possíveis de se prever, algumas mortes são anunciadas, outras são menos evidentes e eu já carrego algumas teorias sobre o enredo que estão se cristalizando a cada páginas. Algumas mortes me decepcionaram, outras me deixaram satisfeito e provavelmente minha opinião não seja o senso comum dos leitores, mas no geral as coisas andam em um ritmo que dão aquela sensação de inevitabilidade, o que significa que as costuras são fortes e coerentes. A minha única decepção – como leitor de Bernarnd Cornwell – é sobre as cenas de batalha a falta de cenas de batalha. A maior parte das lutas que acontecem no livro, sempre ficam longe dos olhos do leitor. Alguém em algum lugar sobrevive e conta que esse lado ou aquele lado perdeu. Estamos sempre sendo informados sobre os eventos, mas quase nunca o presenciamos. Se por um lado isso reduz bastante o já grosso volume do livro, por outro me dá uma sensação de “muleta”. George R.R. Martin parece se apoiar nesse artifício para fugir das cenas mais físicas. Não chega a ser um demérito, só uma característica.
O grande mérito do autor, para mim, é ter conseguido transformar uma história de espada e feitiçaria em algo tão mundano e cotidiano que foi capaz de atrair justamente as pessoas que não gostam de histórias de espada e feitiçaria. O grande truque que ele usou para isso pode parecer óbvio, mas costuma passar desapercebido pela indústria de entretenimento. A história é ótima! Se você tirar toda e qualquer menção a magia no livro, a história continua sendo ótima. Ela não é o foco. De fato, ela nem é tão relevante. É quase um detalhe cultural, ou um elemento da paisagem. O que importa de verdade é a relação entre os personagens e isso George R.R. Martin consegue construir como poucos. A gente pode traçar esse paralelo com a indústria cinematográfica. O cinema vive inundado de filmes cheios de efeitos especiais que são maravilhosos aos olhos, mas que na verdade só servem para disfarçar um roteiro ruim, o que eu chamo de estilo Michael Bay de cinema. Outros são tão aferrados ao roteiro que parecem ter medo até mesmo dos menores efeitos. Entre um e outro, existe uma pequena minoria, que usa os efeitos especiais para contar uma história de forma tão sutil que a gente até esquece que está vendo um truque de computação gráfica, completamente preso a história. O paralelo é meio bobo, mas explica bem o que eu senti quando eu li Game of Thrones. A magia (ou os efeitos especiais) estão ali, mas são irrelevantes, porquê a história é super bem contada.
Quanto a minha casa favorita? “Insubmissos, Não Curvados, Não Quebrados“.
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