No fim do ano fui fazer minha visita a Saraiva mais próxima de casa em busca de presentes de natal e testemunhei com tristeza os reflexos da crise que atingiu o mercado editorial brasileiro. Em plena véspera de Natal, a loja parecia vazia. Prateleiras preenchidas com títulos repetidos para esconder os espaços e a ausência completa de algumas editoras. Mesmo os títulos populares de venda certa, como Harry Potter e Crônicas de Gelo e Fogo, estavam em falta. A resposta dos vendedores era que tais títulos só estariam disponíveis por encomenda.
Não sou nenhum especialista, nem futurólogo para tentar alguma previsão sobre como o mercado mudará em 2019. Posso dizer com toda certeza que os lançamentos das editoras foram adiados ou cancelados e que a tendência é que as editoras arrisquem-se menos, investindo em títulos cujas vendas são garantidas, um mal sinal para os autores nacionais.
Ao meu ver, se até aqui as editoras tinham como certo sua hegemonia sobre o mercado graças a distribuição, essa vantagem foi reduzida pela crise das livrarias. Eu diria, inclusive, que um autor que leve seu trabalho com profissionalismo pode ter certa vantagem na publicação independente. É importante que as editoras invistam no seu relacionamento com os autores como forma de enfrentar as novas dificuldades do mercado, ou o autor começara a enxergar entre tantas opções, outros caminhos até o leitor.
Existe resistência e ela veio do lugar mais improvável. Este será o ano das edições independentes, pelo simples fato de que os autores e editoras que apostaram na venda direta, conseguiram escapar da crise criada pelas distribuidoras. Na venda direta o autor independente vem nadando de braçada, ele já conhece o ofício e os caminhos: presença online, participação de eventos e financiamento coletivo. A tendência é tão clara que a Companhia das Letras, um dos mais respeitáveis grupos editoriais do país, fechou o ano passado com o projeto Companhia nas Ruas, que nada mais é do que um departamento voltado para as feiras e eventos nacionais.
Alguns exemplos brilhantes de financiamentos coletivos que tivemos este ano vieram da Marina Avila (Editora Wish), Cláudia Lemes (Inferno no Ártico) e Ian Fraser (Araruama), cada um deles um completo sucesso com metas alcançadas e estendidas além do horizonte, além de outros que conseguiram emplacar alguns projetos de matar de inveja departamentos inteiros de marketing com muito mais recursos.
O outro caminho possível é o investimento em e-books, mantendo uma produção constante e a venda de livros físicos através de lojas integradas ao site, opção fornecida por empresas como a pagseguro, ou direto pelo Market Place do Facebook. A produção dos livros físicos vem se viabilizando através dos sistemas de impressão sob demanda, que eliminam um grande investimento inicial e a necessidade de se administrar um estoque e a venda dos e-books, apesar de parecer ter estagnado nos últimos meses, ainda tem margem de crescimento e um investimento relativamente baixo que pode ser recuperado a longo prazo.
Neste cenário, as aventuras de Jhomm Krulgar e Khirk através das guerras do Império vão continuar, porém como sua publicação depende do cronograma da editora, não tenho como precisar quando sairão os próximos volumes.
Para mim, estamos em uma fase experimental e em 2019 também pretendo brincar com essas possibilidades através de títulos independentes, o que já veio acontecendo com O Gigante da Guerra. Além de publicações impressas e eletrônicas, tenho pensado muito em uma história seriada, publicada mensalmente, envolvendo um personagem completamente novo do Império. Pretendo melhorar minha presença em eventos e talvez investir em uma loja integrada, se tiver títulos o suficiente para justificar o trabalho.
Parece um retorno aos velhos tempos.
Será divertido.
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