Escrever o Teatro da Ira tem sido como qualquer saga aventuresca por caminhos meio desconhecidos, encontrando aliados, heróis, monstros, tesouros e itens mágicos. Vez por outra eu caio em uma armadilha, geralmente quando parece que tudo vai acabar bem e então eu me enrolo dentro da barriga de um monstro, cavando um jeito de sair.
Depois destes meses todos trabalhando no livro, lá na frente eu já começo a visualizar o final (não o final da história, porquê essa já está até escrita, mas o final da aventura que foi escrevê-lo). Faltando pouco menos de 50 páginas para dar por encerrada essa parte, percebo o quanto foi desgastante vir até aqui.
Mas o pior de tudo é esse diabinho que sobe no meu ombro e começa a dizer que nada disso está bom, que é preciso jogar tudo fora e começar tudo de novo. Que do jeito que está, nem merece ter final. Aconteceu o que eu imaginava que iria acontecer. Se tivesse ficado trancado na gaveta das minhas idéias, este seria apenas outro tratamento esquecido do Teatro da Ira, perdido nas possibilidades não realizadas. O Teatro da Ira vai chegar ao fim, sim, um pouco mais tarde do que eu havia imaginado, mas ainda em tempo para ver completado o ciclo e isso só vai acontecer por conta dos 3 leitores assíduos que o site possui (mãe, você ainda me deve uma leitura).
Para o próximo livro (pois é, estou realmente pensando no próximo livro, incrível!) eu não sei o que mudar. Não acho que esse modelo de publicação tenha funcionado para o leitor, embora para mim como autor a autodisciplina tenha sido essencial. Tenho uma meta de produção em minha cabeça que beira o insano, uma tentativa bastante ambiciosa de recuperar os 15 anos que perdi adiando os projetos na gaveta, mas fico pensando no custo real dessa obsessão e em como melhorar o seu retorno.
Enquanto isso, vou caminhando devagar os últimos 48 passos. Procurando os arcos que precisam ser fechados, as perguntas que ainda não foram respondidas. Me despedindo de personagens que eu não verei tão cedo, outros que não verei jamais. As últimas páginas vão se esvaindo, não sem esforço, mas já com uma saudade sincera.
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