O papel da mulher no Império
On September 4, 2014 | 0 Comments
O papel da mulher no Império |


O mundo foi a loucura nos últimos meses com a publicação de um artigo científico revelando que cerca de 50% dos invasores vikings que chegaram a Inglaterra eram na verdade mulheres. A constatação pegou muito marmanjo desprevenido. Um dos lugares de honra dos misóginos e adoradores do “macho macho” tinha sido completamente destruída em um simples teste dos ossos.

Explicando, cientistas comprovaram em uma análise dos ossos dos guerreiros vikings enterrados na Inglaterra, que cercado e 50% dos esqueletos que antes tinham sido classificados como homens, eram na verdade mulheres guerreiras. Acontece que acreditava-se antes que só os homens eram enterrados com as suas armas, quando na verdade, homens e mulheres eram enterrados da mesma forma, com suas armas como sinal de honra.

Os vikings sempre me pareceram um povo muito avançado, nas atribuições do papel do homem e da mulher. Uma das coisas que eles defendiam parece uma invenção moderna, o divórcio. Um casal não era obrigado a viver feliz para sempre no antigo norte.

Isso tudo para abrir um pequeno artigo sobre minha visão sobre as mulheres no Império.

Desde que eu comecei a me interessar mais por história e que me resolvi a construir um universo complexo de fantasia, me propus a violar alguns preconceitos atuais. Um bom exemplo para falar sobre isso são os emoë, príncipes negros, senhores das forjas, que não vieram de um continente explorado e nunca foram escravizados e que são grandes senhores da guerra e famosos mercadores.

Queria algo parecido com as mulheres. Não queria uma sucessão de mulheres submissas que se dedicassem a intriga palaciana. Não queria mulheres que só tivessem a função de reprodutoras ou donzelas indefesas. O Império que existia em minha cabeça era um lugar muito mais plural, um lugar onde fosse tão comum ver um homem quanto uma mulher com a espada em punho, sem os fetiches clássicos de armaduras com seios.

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Quando comecei a trabalhar no conto Coroa de Chamas, eu tive a oportunidade de mostrar um pedaço de tudo isso. O conto narra a chegada dos allarini ao continente. O povo que colonizou as terras de Karis dando origem ao Império, quase dois mil anos atrás. Os allarini são uma mistura de povos invasores, algo entre vikings, mongóis, hebreus e espanhóis, que atravessaram metade do mundo em busca de seu reino prometido. Essa migração, através de gerações de um mesmo povo, foi a formadora de grande parte das características deste povo, entre as quais, a visão da mulher como uma igual dentro da sua sociedade. A lógica por trás disso é bastante simples. Um povo nômade, de número reduzido, atravessando uma região perigosa não pode se dar ao luxo de dizer quem vai portar uma espada e quem não vai. Os allarini tinham que obrigatoriamente que incorporar as mulheres em seus exércitos.

Ainda neste projeto, nasceu Haena. Comandante do exército allarini. Haena era uma mulher forte, filha de um general, casada com um dos grandes líderes dos allarini no momento de sua chegada à Karis e que se tornou a grande responsável pela sobrevivência dos allarini na grande travessia do rio Lot. Haena era o pilar histórico que usei para fundamentar toda a relação entre sexos no Império através dos anos.

Outra figura histórica importante no Império é a Imperatriz Bellisa, que além de lutar contra um golpe que tramava roubar-lhe a coroa, resistindo a um cerco com mil guerreiros, foi a idealizadora da Ordem dos Magistrados e do conceito de igualdade entre as classes sociais, subjugando todos os cidadãos do Império ao mesmo conjunto de leis, independente do seu nascimento.

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Seria bastante ingênuo – e talvez um pouco irresponsável – porém, descrever o Império como uma utopia feminista. Isso sem falar nas possibilidades dramáticas que a existência de uma relação antagônica entre os sexos poderia trazer. Sim, eu queria mulheres fortes no meu universo, mas também queria um caminho difícil para elas. Queria que as leitoras dos meus livros pudessem se espelhar na luta diária que existe contra o preconceito. Aliar esse conceito com o anterior, não foi tão difícil quanto se imagina, uma vez que no Império temos uma multiplicidade de culturas, com duas delas predominando sobre todas as outras. Enquanto os allarini tem essa visão, progressista sobre as mulheres, os rentari, o povo que foi colonizado pelos homens do oeste, são mais protetores com suas mulheres, com uma posição que nós consideraríamos mais machista.

A lei do Império é só uma – graças a uma mulher – e ela determina que só a mulher tem direito sobre o próprio corpo, independente da sua ascendência rentari, ou allarini. As mulheres podem assumir qualquer função na sociedade, assim como um homem. Os exércitos do Imperador aceitam tanto homens como mulheres, embora eles lutem em batalhões diferentes. Uma mulher pode ser chefe de sua família e herdeira do seu trono. Pela legislação do imperador, não existe diferença entre os sexos. Culturalmente, porém, as mulheres allarini tem mais sorte do que as rentari e estão acostumadas com um grau de liberdade que escandalizaria as matronas do sul.

O primeiro livro da Chamas do Império é focado nos personagens masculinos, mas eu peço atenção aos personagens femininos da história. Primeiro porquê tenho muito orgulho das mulheres do Império, depois, porquê algumas delas vão tomar a dianteira mais para frente para se tornar protagonistas de grandes aventuras.

fonte: Invasion of the Viking women unearthed.

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